Em meados de 2014, um livro me chamou a atenção nas estantes de uma livraria de São Paulo. Capa azul, desenho minimalista de um menino e nome do autor R. J. Palacio com mais destaque que o título, que ficava dentro do desenho do menino, logo acima do olho. Comprei o livro e demorei para começar a lê-lo, mas assim que o fiz, me emocionei com a história e terminei aquelas páginas rapidamente com lágrimas nos olhos. Não lágrimas de tristeza, mas lágrimas de emoção. Fiquei emocionado com aquela história, com seus personagens e triste também em saber que me despediria deles ali.
E foi com grande alegria que vi que o livro viraria filme. Mais que isso, tinha tudo para ser um baita filme, já que por ser uma atriz que escolhe muito bem seus papéis, não se pode esperar pouco de filmes com participações da Julia Roberts. E claro que o excelente Jacob Tremblay, de O Quarto de Jack, anunciado como Auggie, deixava a coisa ainda mais interessante.
Extraordinário é realmente um baita filme. Contando a história de August Pullman, um menino de 10 anos que nasceu com um terrível problema facial e já passou por 27 cirurgias plásticas, o filme transita por assuntos complicados e tristes de forma leve sem ser piegas. Depois de passar toda a vida sendo educado em casa, o menino enfrenta um grande desafio: ingressar na escola normal.
E sem seu capacete de astronauta e a proteção da família, Auggie enfrenta seus medos e desafios, levando consigo o espectador que se emociona, questiona e torce por esse pequeno grande herói.
Assim como no livro, a história ganha o ponto de vista de outros personagens o que deixa o filme ágil e constrói bem a história sem muito lenga-lenga. E a construção de cada um ganha detalhes tocantes, como por exemplo o ponto de vista de sua irmã Via, que assim como Auggie, também vive alguns problemas em seu retorno ao colégio, mas sabe que não tem como eles serem maiores que os de seu irmão. Vale dizer que a atriz Isabela Vidovic está fabulosa e é em uma cena dela que Sonia Braga faz sua aparição.
Já citei Julia Roberts, mas vale citar seu nome novamente já que ela e Owen Wilson fazem os pais de Auggie tão cativantes como no livro. E a transposição foi tão bem feita que pode dizer o mesmo para Jack Will, Summer e o Sr. Buzanfa. Infelizmente o professor Browne não tem o mesmo destaque na história, mas acho que é o tipo de impressão de quem leu o texto.
Enfim, Extraordinário tem uma história que tinha tudo para forçar o drama mas escolhe um outro caminho, que também traz a superação, mas de forma muito mais tangível e real. Com seu herói improvável, é o tipo de filme que nos faz crescer, aprendendo um pouco sobre aceitação e deixando uma bonita lição que tem tudo a ver com o mundo que vivemos.
Um filme extraordinário.