O iPhone aboliu as teclas físicas e popularizou a tecnologia do touch screen para o grande público, que passou a encontrar cada vez menos o teclado físico à venda em produtos novos. Mas enquanto muita gente comemorou a nova onda de teclados digitais, uma minoria encontrou problemas. Como localizar as teclas do celular sem poder ver a tela ou sentir o teclado?
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Não nos damos conta que a maioria das coisas que são extremamente simples para a maioria, são muito mais complexas para portadores de deficiência. Descer uma escada, ouvir o toque da campainha ou encontrar qual o melhor caminho através de sinalização em postes nas ruas são tarefas impossíveis para algumas pessoas. E como alguém que tem uma deficiência auditiva que me priva de alguns sons como os da campainha, do violino e da gaita de fole, sei bem o que é se sentir excluído de algo.
Por isso projetos como o #PraCegoVer são tão importantes nesse mundo digital.
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Focado em deficientes visuais, a ideia é descrever imagens e vídeos que os leitores de tela como o Visual Vision e o Jaws não captam, ou seja, mostrar o que está dito nas imagens cada vez mais comuns nas páginas da rede.
A proposta foi criada em 2012 pela professora baiana Patricia Braille, que preocupada com o direito de acesso a todos, introduzia a descrição de todas as imagens que postava em seu blog e Facebook. Por conta da redundância da imagem estar acompanhada de legenda com descrição da própria imagem causar estranheza, a hashtag #PraCegoVer foi incorporada como forma de deixar claro o motivo do texto.
“Milhares de pessoas cegas usam o Facebook com auxílio de programas leitores de tela capazes de transformar em voz o conteúdo dos sites. No entanto, as imagens necessitam ser descritas para que os leitores consigam transmiti-las às pessoas com deficiência visual.”
Mais de 6,5 milhões de pessoas possuem algum tipo de deficiência visual no Brasil, sendo que mais de 585 mil são completamente cegas. Da outra parte, a cegueira vem de outra forma já que mesmo quem não está inserido na deficiência, simplesmente não enxerga o deficiente visual.
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O projeto carrega esse princípio de fazer com que todos vejam. Ele existe para o cego que não enxerga e também para quem enxerga e não vê o cego. Descrever uma imagem postada, traz para perto quem não teria acesso até então.
Como o Eu te Amo Hoje surgiu de uma proposta visual e queremos levar a proposta do amor diário para todo mundo, passamos a adotar desde Janeiro a hashtag em nossas postagens no Facebook.E convidamos todos a utilizarem o #PraCegoVer em suas postagens também.
Como indicação de outras páginas que utilizam a proposta da hashtag, uma das mais antigas a adotar a descrição é a do senador Romário e a do Conselho Nacional de Justiça. A Coca-Cola também adotou durante a Paralimpíada e continua usando a hashtag. Outra que usa é a Nossa Vida com Alice.
Para conhecer mais o projeto e adotar a hashtag #PraCegoVer acesse a página do projeto.
#PraCegoVer a imagem de capa da postagem: em papel branco, a mensagem I Love You gravada em braille. Logo abaixo do texto, um jovem casal encosta a testa um no outro de olhos fechados. Um coração sobe acima das cabeças dos dois.