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Sobre cães, carinho e saudade

Até onde eu me lembro, sempre tive cães em casa. Mesmo a contragosto do meu pai, lá estavam eles. Das lembranças mais remotas que tenho, recordo que minha cachorra me acordava pela manhã às lambidas, para que eu me arrumasse e fosse para a escola primária. Era um apartamento, cães crescem, e, creio eu, ela deve ter sido doada para alguém, ou levada para algum abrigo (prefiro pensar assim). Era muito novo para entender qualquer coisa a respeito disso.

Cães vieram, cães se foram, passamos algum período cuidado apenas dos muitos aquários que tínhamos, até que nos mudamos para um sobrado com espaço de sobra. Tanto espaço que meus irmãos tiveram a incrível ideia de ocupá-lo com algo grande; grande e peludo.

Eu devia ter uns 10 anos quando a Madonna foi morar conosco. Era uma Old English Sheepdog extremamente carinhosa e atrapalhada, com a qual ficamos por aproximadamente 5 anos, até que algo abalou as estruturas do meu lar. Minha mãe foi diagnosticada com câncer.

Corre para cá, corre para lá, cirurgias e quimioterapias. Pouco tempo sobrou para os cuidados da Madonna. Cães de pelagem longa precisam de muita dedicação para manterem-se limpos e saudáveis. Fazíamos o possível, mas ainda assim não era suficiente. Minha mãe sempre foi o grande maestro da casa e sem ela “na ativa” tudo ficava ainda mais difícil.

Uma das recomendações médicas foi para que o ambiente fosse o mais limpo possível, pois a cirurgia principal fora bastante invasiva e os riscos de infecções eram grandes. Foi quando decidimos doá-la.

Madonna foi morar no sítio de um criador e nunca mais a vimos.

Contudo, como o criador era amigo de um amigo da minha irmã, algumas notícias sempre chegavam até nós. Soubemos que ela amou o local e que em pouco tempo já estava 100% integrada à nova família. Tão integrada que, inclusive, “adotou” uma das irmãs do criador, portadora da Síndrome de Down. Ela não deixava ninguém estranho chegar perto, sempre vigilante nos cuidados da menina.

Tudo isso que falei foi para mostrar o quanto nós somos dependentes do amor dos nossos animais, bem como eles são do nosso amor. Elas marcam nossas vidas e nós marcamos as deles.

Seja na “lambida-despertador”, nos cuidados de alguém mais frágil, como o caso da menina com Down, ou até mesmo casos onde eles verdadeiramente doam suas vidas para salvarem os donos, animais estão sempre se doando, pedindo quase nada em troca.

Hoje a paz na casa dos meus pais foi completamente reestabelecida, bem como a saúde da minha mãe. A nova moradora do espaço é a Lua, um Rottweiler com alma de Poodle, mas a saudade da Madonna permanece até hoje lá em casa. De certa forma nos arrependemos da maneira como lidamos com a situação, ao doá-la. Outras medidas poderiam ser tomadas. Contudo, é possível que aquela nova família precisasse muito mais dela do que nós. Quem sabe?

Infelizmente não tenho fotos da Madonna (na época não tínhamos máquina fotográfica), mas deixo com vocês esse video de cães cuidando de bebês para ilustrar o quãodedicados eles podem ser por nós.

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